192.

Minha Coimbra, enches-me sempre de sonhos.

191.

Morremos uma vez
e tantas mais
sem descuidos capazes de mexer
a alma
Sem inquietações maiores
que nos desfaçam
nos percam de nós
e nos contem das vezes que os nossos
olhos viram o mar
E o deixaram partir
como se deixa um amante
esperançoso
desassossegado
Sem machucar seu coração.

190.


Por terreno real.

189.

É bonito que me doas tanto.
Perturbas-me as feridas cortadas por ti
os cantos impenetráveis da alma
confortas-me
deliciosamente sincera ao deixar-me
quando deixei de te servir.

187.

eu tento tirar fotos decentes em concertos, a sério que sim. 
(Of Monsters and Men)

186.

Toda a gente tem uma música para quando o mundo machuca. Ella Fitzgerald e Louis Armstrong em April in Paris anestesia-me sempre.

185.

A minha mãe, baixinho, após saber que o mundo magoa:
"como se pode matar gente estando longe é que eu não entendo."

185.

(mas quem me abandonou foste tu...)

184.

Não me desgastes tu as entranhas, menina, que eu já sei que te penduras pela pele do pescoço mas arranjas sempre forma de te agarrar às cordas do estendal. São as tuas manhas, as coisas que aprendeste quando eu virava as costas. Já não te oiço os sorrisos dissimulados nem sei em quantos vais no jogo das escondidas. Vá lá, larga-me a roupa que me estás a amarrotar o vestido. Já não, já não cheiro a praia. Não, não quero os teus braços para nada. Foge daqui, anda. Já não posso com a falta do teu cheiro em ti.

183.

(tardes sem fim.)

182.

- O que fazes quando largas as amarras e és já só  um papel ao vento? Quando desistir é a única palavra que cabe na tua boca?
- Respiras, dizes que vais morrer, pegas nos chinelos e vais buscar o chá que ferve ao lume.

181.

Dizes que não cuido de mim, não sabendo as noites que passo com o coração ao frio a tentar atenuar o sangue pisado das pancadas dos teus punhos, da tua alma, do teu ser. Soubesses tu o amor que é preciso para eu não quebrar ao vento. Soubesses tu a força que faço para cuidar do que escapou às tuas garras afiadas.

180.

São braços onde incidentalmente pertenço. Que faço eu contigo?

179.

Podem-me falar as mais ternas palavras vezes sem conta que eu retenho os pormenores . Podes percorrer mundos com sílabas que escorrem quentes no corpo mas a memória mais doce que tenho de ti será sempre a da tua voz trémula, receosa de fazer a pergunta de todos os dias, porque nunca ouviste realmente a resposta: 
".... queres açúcar no café?"

178.

"Eu amo a noite, porque na luz fugida as silhuetas indecisas das mulheres são como as silhuetas indecisas das mulheres que vivem em meus sonhos. Eu amo a lua do lado que eu nunca vi. 

Se eu fosse cego amava toda a gente."

Almada Negreiros, «Canção da Saudade»

177.

As pessoas são sempre casas abandonadas.

176.

E se dissesse que o amor
Nasce nas tuas rimas desalinhadas
Na brutalidade das palavras que te enchem
E na terapia que os teus lábios dizem querer fingir

Deixavas-te ficar?

175.

Custa-me acreditar na impossibilidade do amor. Ninguém neste mundo é de tal modo escorregadio por dentro que não mereça amor que se agarre aos seus limbos e que cresça, como flores, na sua alma.

174.

As pessoas também partem. As pessoas também partem. As pessoas também partem. As pessoas também partem. As pessoas também partem. As pessoas também partem. As pessoas também partem. As pessoas também partem. As pessoas também partem. As pessoas também partem. As pessoas também partem. As pessoas também partem.
Em mais pedaços que os copos de vidro.

173.

Não merecias receber uma carta de amor hoje.

172.

Lisboa em dias de chuva.

171.

A imagem do meu pai está irrevogavelmente associada às tardes compostas pelas três partes essenciais da sua vida: um bom livro de poemas, Piaf no volume de certo e pão com chouriço ainda quente.

170.

A solidão tem um travo amargo que faz com que seja sempre difícil de engolir da primeira vez - depois as noites sucedem-se, os ossos deixam de sentir frio e não sei, já nunca sei se estou a beber água.

169.

"O que me mata, mais que o tabaco, é a vida. Os meus pulmões gastam-se é com ela."
(por mim passava dias sem dizer nada, só a ouvir os outros falarem e a soarem a poesia.)

168.

«O senhor é tudo quanto me tem valido na minha doença e eu estou-lhe agradecida sem que o senhor o saiba. Eu nunca poderia ter ninguém que gostasse de mim como se gostasse das pessoas que têm o corpo de que se pode gostar, mas eu tenho o direito de gostar sem que gostem de mim, e também tenho o direito de chorar, que não se negue a ninguém.»
Carta da corcunda para o serralheiro, Fernando Pessoa.

167.

A sonoridade do teu nome cheira a flores.

166.

Dos postais que a inês recebe às sextas de manhã:

«Gosto de ti por nenhuma razão em particular, mas sei que vou ter saudades tuas.»

165.

Óh lis, estás tão presente neste dias que se torna sufocante a falta que me fazes.

164.

E continuo sem entender
porque tenho de ver os meus sofrer tanto

163.

das antiguidades
«I'm Inês, I live in Portugal and I'm 14 years old. And none of this matters. What matters is that I tried to memorize Shakespeare's plays by the age of 12 and I like german a lot and I get injured very easily. I like turtles and I'm still trying to figure out why, but if I had one I knew I would call her Tristessa and then spend time explaining everyone that she's called Tristessa because I enjoyed a book by Jack Kerouac with that name. I don't know where I'm going. And sometimes I'm happy that I don't.»

162.

Dos postais que a Inês recebe às sextas de manhã:
«Gosto de ti porque estás comigo nos dias de Sol e não me deixas pegar-te ao colo.»

161.

Lídia, ignoramos. Somos estrangeiros 
Onde quer que moremos. Tudo é alheio 
Nem fala língua nossa. 
Façamos de nós mesmos o retiro
Onde esconder-nos, tímidos do insulto 
Do tumulto do mundo. 
Que quer o amor mais que não ser dos outros? 
Como um segredo dito nos mistérios, 
Seja sacro por nosso.
Ricardo Reis

160.

das verdades cruas escritas por aí.

159.

Gosto do dia dos namorados. É uma boa desculpa para mandar beijinhos a vocês todos.

158.

das conversas inesperadas:
"lembrei-me de ti, não sei bem porquê. eu às vezes lembro-me de ti. nunca digo nada, mas eu gosto tanto de ti e nunca me esqueço. e às vezes fico com muitas saudades."

157.


156.

Sesimbra e o Carnaval que se enche sempre de amor e pedaços de chocolate.

155.

Não há como não gostar das pessoas que nos fazem mixtapes.  Não há.

154.

Existem fotos carregadas de história. Esta fala-nos do carinho que o corpo precisa para não gelar e de um comboio que só parte às seis e quarenta.

153.

às vezes tenho tanta, tanta vontade de falar que opto sempre por calar.
- ainda magoas alguém.-

152.

Uma hora para o exame, e a vontade de chorar... oh, a vontade de chorar!

151.

Duas horas para o exame. O coração quer fugir pela garganta.

150.

4 horas para o exame, e o nervosismo sente-se nos ossos e nas faces das bailarinas sem fôlego.

149.

Uma coisa vos digo: toda a gente deste mundo devia ser viciada em tango.

148.

Há dias em que a solidão ataca. Não é não ter ninguém com quem falar, é sentir que não se tem ninguém - e isto a mim sempre me pareceu bem pior.

147.

As saudades que tenho de um tempo que nunca vi.

146.

Gosto de fazer anos. Calha sempre bem o mimo.

145.

- And you'll always love me won't you?
- Yes.
- And the rain won't make any difference? 
- No.
Há dias em que sou mulher de um homem só. Oh Hemingway, quantas vezes sou tua.

144.

Que nunca nos esqueçamos
que as pessoas
como as árvores
quebram nas noites de trovoada.

143.

Os dias são frios e as mãos gelam tanto quanto o coração.

142.

Dos postais que a Inês recebe às sextas de manhã:

«Gosto de ti porque me aborrece gostar de outras pessoas que não são tu»

141.

Hoje aconteceu-me uma coisa extraordinária - estava à espera do autocarro, com um livro na mão e quando olhei em volta todas as pessoas que me rodeavam tinham desaparecido. O autocarro já tinha passado: e isto implica que tenha ficado à minha frente pelos menos os cinco minutos que espera antes de partir, sem eu ter dado conta. Fazia tempos que não me perdia assim num livro, e deixou-me feliz a tarde inteira.

140.

As manhãs de sol deixam rasto de amor por estes lados.

139.

As coisas danificadas têm outra magia. Sou irremediavelmente atraída para os objectos com falhas que enfatizam o seu uso, que transpiram memórias. Pergunto-me se farei o mesmo com as pessoas.

138.


dancemearoundtenderly@hotmail.com
Lembrem-se que estou sempre aqui para vocês.
Para uma confissão espontânea.
Para uma conversa tardia.
Para partilhar uma chávena de chá.

137.

Os momentos bonitos que acontecem quase-sem-eu-dar-por-isso:
O meu pai esteve a ligar para amigos a pedir postais para mim e quando foi interrogado pelo motivo, respondeu: "Ela faz colecção. É daquelas garotas que já não se vê por aí."

136.

- Sem querer soar aos clichés amorosos adolescentes - o que eu queria mesmo era dizer-te como te gosto perto. Fazes sempre com o que o mundo se torne mais pequeno, porque o mundo são só os teus braços e as noites infinitas onde parece fazer sempre frio, e eu nunca sei como te deixar às 6 da manhã.

135.

Eu sou daquelas pessoas que ainda acha que existe sempre uma forma mais bonita de dizermos o que temos a dizer, e por isto é que me magoo quando usam as palavras como se quisessem esborrachar corações contra a parede, e me magoo ainda mais quando sou eu a fazê-lo.
(E é tarde, e a esta hora pareço sempre uma menina perdida de casa. Não façam caso.)

134.

No fundo, estas serão sempre as minhas noites favoritas.

133.

Dos postais que a Inês recebe às sextas de manhã:

"Gosto de ti porque não gostas de pessoas, mas gostas de mim e não gritas comigo quando tenho febre à tarde e passas-me os apontamentos de História e és uma das pessoas mais bonitas deste mundo."

132.

Não sei explicar a minha vontade de palco. É como se passasse muito tempo com um sentimento de insuficiência, de falta de mim, e o palco fosse o sítio para onde carrego o meu corpo e o deixo lá a sangrar em frente a uma audiência muda que, ao contrário do mundo, interpreta a fragilidade da alma dorida entregue a eles como sinal de força e controlo. E saio de lá sempre tão gasta que me sinto a deslizar por este mundo com um coração que derreteu e se transformou em esponja. 

131.

Gosto das pessoas que não têm vergonha de cantar alto enquanto andam na rua e já perdi conta às vezes que me desviei do meu caminho só para me deliciar com melodias de vidas que me são desconhecidas por mais um bocadinho. 

130.

Quando abro a porta com as minhas incrivelmente confortáveis calças de pijama azuis e o alaska escondido no colo, imagino que as pessoas pensem sempre: "pobre coitada, tão nova e já tão solitária" e não consigo não sorrir.

Para quem ainda não teve a honra de conhecer o alaska, hei-lo. 

129.


Altura das confissões:
Gosto de vasculhar os livros do meu pai. Ele não acha piada então aproveito quando se distrai para os cheirar e procurar neles memórias escondidas. Encontro-as sempre, e é como encontrar pedaços do homem que eu nunca conheci, e que sempre imaginei dentro dele.

128.

falta-me doçura, controlo a vontade de chorar à força e o frio parece quebrar-me o corpo em pedaços nestes dias.
" - dás-me a mão? é que as minhas estão geladas."

127.

Dos postais que a Inês recebe às sextas de manhã:


"Gosto de ti quando trazes mantas. Fico quentinha."

126.

Sintra é feita de princesas sem castelo. 

125.


-Olhe, por favor... perdi-me de casa.
- Alguma vez lá esteve?